Jovens investigadores e clínicos na área da obesidade reúnem-se na EASO Winter School 2022 para discutirem a mais recente evidência científica e procurarem novas estratégias de abordagem a um dos problemas de saúde pública mais prevalentes na Europa.
Promovido pela European Association for the Study of Obesity (EASO), o curso decorreu entre 9 e 11 de fevereiro em Nápoles, Itália. Retomando o formato presencial, permitiu juntar os melhores especialistas da Europa com profissionais em início de carreira, em torno de um programa dedicado aos temas candentes da área. Foram apresentados os mais recentes avanços na investigação da obesidade, enquanto doença crónica e reincidente, os aspetos psicológicos e comportamentais que lhe estão subjacentes, bem como estratégias de prevenção, diagnóstico, monitorização e tratamento farmacológico.
Carolina Capitão e Raquel Martins, nutricionistas e investigadoras no EnviHeB Lab do ISAMB, partilharam as conclusões do seu trabalho sobre estratégias para o cálculo do Índice de Massa Corporal e a pertinência da intervenção escolar na promoção do consumo adequado de fruta entre os mais novos.
A obesidade atinge um em cada seis adultos na Europa, verificando-se uma tendência para o aumento da doença na maior parte dos países do velho continente. Também em Portugal os números são alarmantes. De acordo com o Relatório Europeu de Saúde, em 2018, 22% dos jovens com 15 anos apresentavam pré-obesidade ou obesidade, um valor que é superior à média europeia.
Para reverter estes números, importa refletir acerca das mensagens a passar para a sociedade. Não só entre os que já sofrem com a doença, mas sobretudo entre os mais novos, no período em que moldam comportamentos e hábitos alimentares. Será necessária uma atuação transversal e intersectorial, que integre vários níveis de decisão e atuação política, colocando o foco na promoção da saúde e na prevenção da doença.
Outro dos aspetos fundamentais é o combate ao preconceito. No evento, refletiu-se acerca da importância da People-First Language, ou seja, a adoção de um discurso mais conciliador na investigação e na prática clínica, colocando o foco nas pessoas e não na sua condição, em linha com a máxima da EASO “trabalhar juntos para combater o estigma da obesidade”.
Também a crise pandémica da COVID-19, com fortes impactos na saúde física e mental, teve graves implicações na obesidade. Reconhecendo-se o forte gradiente social do problema, debateram-se estratégias para esbater as desigualdades no acesso a uma nutrição adequada, mas também de promoção hábitos de vida saudáveis, nomeadamente através do encorajamento da prática regular de atividade física.
Nesta Winter School, reforçou-se o compromisso de criar novas oportunidades para reverter os números preocupantes que afetam a saúde dos europeus. Com os olhos postos no futuro, investigadores e clínicos sinalizaram alguns dos aspetos prioritários para melhorar a gestão da doença. Por um lado, a necessidade de atualizar e otimizar os métodos de diagnóstico. Por outro, a premência de gerar evidência robusta, através da criação de sistemas de base populacional de longo prazo.
Fazendo um balanço muito positivo da sua participação, as investigadoras do ISAMB enfatizam a partilha de ideias e de contactos, que encaram como fonte de inspiração para o desenvolvimento de novos trabalhos e um primeiro passo para futuras colaborações.