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#inhousehealth
é uma iniciativa do Laboratório de Comportamentos de Saúde Ambiental do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa que tem por objectivo proporcionar a todos os cidadãos um conjunto de recursos, em diferentes áreas, que visem aumentar a sua resiliência e promover a sua saúde física e mental num ambiente de distanciamento social imposto pela actual crise mundial da COVID-19. Siga-nos no Facebook, no Twitter ou no LinkedIn. Partilhe.


INFORMAÇÕES GERAIS


CONSTRUÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS 

Embora a COVID-19 nos tenha imposto um ambiente de contenção social, podemos tirar partido dele para a construção de hábitos saudáveis e promotores de bem-estar. Saiba mais aqui.


APOIO PSICOLÓGICO

Viver num ambiente de distanciamento e de isolamento social, associado à ansiedade e à angústia determinadas pela incerteza e pelo desconhecido, é desafiante para qualquer pessoa, em particular para aqueles que estão mais vulneráveis e fragilizados.

A Equipa Aventura Social disponibiliza, gratuitamente, uma linha de apoio psicológico destinada a ajudar crianças, adolescentes e adultos a lidar com o stress, o medo e a ansiedade associados à pandemia da COVID-19. Se sente necessidade deste apoio, não hesite e envie um e-mail para aventurasocial.lisboa@gmail.com ou envie uma mensagem privada através da página do Facebook da Aventura Social com o seu nome, o contacto telefónico e o motivo do pedido. De segunda a sexta, das 14h00 às 18h00, será contactado por telefone por parte de um elemento da equipa.

Nota: Esta linha não é uma linha de apoio, esclarecimento ou aconselhamento médico sobre a COVID-19. Nestes casos, deve contactar a linha SNS24 (808 24 24 24).


UMA CASA AZUL

O azul é a cor preferida dos adultos. Vários estudos assim o mostram. Imagine! Imagine que pode agora libertar-se por completo do terrível confinamento, que o deixou um tanto triste e deprimido, e que tem agora a oportunidade de ir dar um passeio junto ao mar, num dia de céu limpo. Imagine-se lá! O som do marulho, o vai e vem das ondas, a maresia, o azul a turvar-lhe os olhos e, por conseguinte, o cérebro. Imagine! Como se sentiria? Isso! O azul tem, de facto, um efeito poderoso. Porém, nem sempre assim foi. Houve tempos, sobretudo na Antiguidade, em que o azul era depreciado. Afinal, para os Romanos, era a cor dos Bárbaros. Mas hoje não. Hoje é a nossa cor preferida. E, portanto, o que hoje lhe propomos é que pontue a sua casa de azul, que crie um ambiente que promova o seu bem-estar e a sua boa disposição. Para tal, vamos ensinar-lhe uma técnica de impressão fotográfica chamada cianotipia.

O que é?

A cianotipia é uma técnica de impressão fotográfica, de baixo custo, que se caracteriza pela sua tonalidade azul. Foi descoberta em 1842, por uma bióloga e por um astrónomo, Anna Atkins e Sir John Herschel, respetivamente. Após um conjunto de reações químicas (de oxidação-redução do Ferro) e a exposição ao ambiente (luz), a cor azul revela-se em todo o seu esplendor. Tal fenómeno deve-se à precipitação de um composto insolúvel, chamado «azul-da-prússia».

Como se faz?

A técnica pode ser aplicada em papel ou tecido. São necessárias duas soluções de ferro – citrato de ferro amoniacal e ferricianeto de potássio (que podem ser adquiridas em lojas de arte e fotografia ou então online), luz solar, ou lâmpada UV, e água da torneira.

1. Preparação do papel, ou tecido onde iremos realizar a impressão. Para tal, pinta-se a superfície com as soluções de ferro, combinadas em igual proporção, e deixamos secar num espaço com pouca luminosidade.

2. Depois de seco, expõe-se a superfície pintada ao negativo que queremos imprimir. Os negativos podem ser “bionegativos” (elementos naturais), tais como folhas ou flores, ou negativos fotográficos, de qualquer máquina analógica. Com a ajuda de uma prensa de vidro, para fixar bem o negativo à superfície, expomos o conjunto à luz. O tempo de exposição é dependente das condições meteorológicas. No entanto, 20 minutos deverá ser suficiente.

3. No final, para a revelação do “blueprint”, precisamos apenas de passar a superfície intervencionada por uma solução aquosa, idealmente água da torneira. Variando o pH do banho de revelação, podemos alterar as tonalidades de azul do produto final.

(Esta actividade foi desenvolvida por Raquel Chaves, doutoranda no Programa Doutoral EnviHealth&Co do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Conheça os seus trabalhos em https://www.instagram.com/blueberry.lab_/)


VISITAS VIRTUAIS A MUSEUS

  • A Google Arts & Culture juntou-se a mais de 500 museus de todo o mundo (dos quais 36 são portugueses) para proporcionar visitas virtuais gratuitas. Sem bilhete, sem fila, sem contacto com outros visitantes. Louvre, MoMA, Hermitage, Tate, Pinacoteca, Burg, Museu Nacional de Arte Antiga ou Museu Calouste Gulbenkian, todos eles à distância de um clique. Parta à descoberta aqui.
  • O Museu Nacional de História Natural e da Ciência abre as suas portas para uma visita interactiva. Entre por aqui.

LEITURA

Aproveite o tempo que tem para ler aquele livro que comprou há meses e ainda não teve oportunidade de pegar nele, ou então para reler o seu autor preferido, o seu livro preferido. Leia Aristófanes, Homero, Camões, Pessoa, Kundera, Mia Couto, Virginia Woolf, Gonçalo M. Tavares, Camus, Orwell, Isabel Allende ou Paulo Coelho. Leia romance, ficção científica, banda desenhada, autobiografia, ensaio, romance histórico. Leia o que lhe der na real gana. O importante é que leia. Leia e deixe-se levar pela imaginação.

Se tiver oportunidade, leia os livros cujos filmes já viu. Prepare-se para se surpreender!

Se tiver filhos, leia com eles ou para eles. O Plano Nacional de Leitura disponibiliza a Biblioteca de Livros Digitais, com com várias colecções dirigidas a crianças e jovens dos 5 aos 15 anos de idade.

A Imprensa Nacional disponibiliza os mais recentes títulos da colecção “O Essencial Sobre…“. Veja aqui.

A editora Chiado Books oferece diariamente um novo e-book. Veja aqui.

A Fnac e a Kobo disponibilizam mais de 260 mil audiobooks e ebooks gratuitos, com alguns dos maiores nomes da literatura nacional e internacional. Agora não tem desculpa! Simplesmente aqui.

A National Geographic disponibiliza duas edições recentes da sua revista. Veja aqui.


EXERCÍCIO FÍSICO EM CASA

Procure estabelecer uma rotina diária de exercício físico. No mínimo 30 minutos por dia, de seguida ou distribuídos ao longo do dia. Não tem halteres? Use pacotes de arroz. Não tem bastão? Use o pau da vassoura. Nada o impedirá de se mexer, a não ser a sua própria vontade!

Eis algumas dicas para um treino caseiro:

Comece sempre com aquecimento/mobilização articular. Mesmo em casa, é importante prepararmos o nosso corpo para o treino. Sabemos que pode ser difícil fazer uma corrida para aquecer, mas podemos arranjar alternativas, colocando, por exemplo, um vídeo de dança no YouTube ou saltando no mesmo sítio! É também importante fazer uma boa mobilização articular, mexendo o pescoço, os ombros, os braços, o tronco, as pernas e os pés.

Podemos fazer treino aeróbio em casa? Claro que sim! Coloque uma música e dance, salte à corda ou suba as escadas.

Podemos fazer treino de força sem nenhum material? Sim! Há muitos exercícios de força que podem ser feitos com o peso do corpo: flexões, agastamentos, fundos, etc. Há também inúmeros materiais de casa que podemos usas como resistência: garrafões de água cheios, pacotes de arroz, latas de conserva. Use a imaginação!

E, o mais importante, divirta-se! Ponha música. Chame um familiar. Desafiem-se em conjunto. Faça o que fizer, mas por favor, não pare de se mexer!

  • A Academia STAT, dedicada às artes marciais, decidiu desenvolver um programa online gratuito de aulas para pais e filhos. Experimente aqui.
  • Existem ainda algumas Aplicações, tanto para as plataformas iOS como Android, que o podem ajudar nos seus exercícios (por exemplo, Sworkit Lite, Nike Training Club, Treino de Sete Minutos, 30 days, Daily Yoga, Caynax HIIT ou Daily Ab Work).
  • Se gosta de dançar, esteja atento à Convenção #EuDançoEmCasa, entre 21 de Março e 5 Abril. Todos os dias, das 17h00 às 19h00, no Instagram. Saiba mais aqui: https://www.instagram.com/audaciapt/

FOTOGRAFIA

Aproveite o tempo para rever aquelas fotografias de família que estão há muito esquecidas na gaveta ou no armário. De um casamento, de uma férias, de um aniversário, de um baptizado. Reveja e relembre as histórias, porventura algumas delas inéditas, e conte-as, sobretudo aos mais jovens. Permita que estes se riam dos penteados e do vestuário dos anos 60, 70, 80 e 90. Ria com eles. Partilhe nas redes sociais fotos suas de quando era nov@. Desafie os seus amigos a adivinharem quem é quem. Divirta-se!

Se gosta de explorar fotografias históricas ou de colecções antigas, aventure-se na Wellcome Collection.

Se gosta de fotografar, não se acanhe. Fotografe a sua casa. Cada divisão. Cada canto. Cada pormenor. Vá à janela. Perspective o banal e fotografe-o. Supere-se. E partilhe nas redes sociais. E lembre-se: “Não há regras para se tirarem boas fotografias, apenas existem boas fotografia.” (Ansel Adams)


ALIMENTAÇÃO

Estar em casa o dia todo, aborrecido, poderá fazer com que coma mais e com mais frequência. Procure fazer uma alimentação equilibrada, garantindo um aporte adequado de fruta e hortícolas, e mantenha-se hidratado, com uma ingestão frequente de líquidos ao longo do dia (por exemplo, água ou infusões).

A Direcção-Geral da Saúde disponibiliza um manual sobre alimentação, disponível aqui.

Quem é que não tem, na prateleira, quatro, cinco ou seis livros de receitas saudáveis que nunca chegou a consultar? Chegou a hora! Ou então, siga as dicas de receitas do Põe-te na Linha. Simples, práticas, saudáveis e absolutamente deliciosas. Experimente! Aproveite para envolver os miúdos, dando-lhes algumas tarefas da receita. Divirta-se!


JOGOS

Jogar é um bom passatempo e um excelente exercício de estimulação cognitiva. Opte por jogos que envolvam toda a família. E, neste momento em que os mais jovens, aborrecidos, passam mais tempo na Internet a jogar, não descure as questões da cibersegurança.

Tire da gaveta o velhinho baralho de cartas e jogue uma boa bisca, uma canastra, uma sueca, ou um peixinho, para envolver os mais novos.

Vá ao armário, sacuda o pós e tire de lá os jogos de tabuleiro. Damas ou xadrez, monopólio, Pictionary ou Dictionary, são também excelentes jogos que proporcionarão boas horas de entretenimento, ginástica mental e diversão. Para os mais solitários, pois, o solitário.

Os telemóveis disponibilizam também uma grande variedade de jogos, muitos deles versões sofisticadas do icónico Tetris que, curiosamente, foi conheceu a primeira luz da madrugada em 1984 pela mão de um conjunto de engenheiros da Academia Russa de Ciências. Тетрис é o nome original. Em russo, claro.


RÁDIO

«Se isto toca? …. Se toca!…. Liga-se à parede e é uma torneira a deitar música!» Eis o modo como Cipriano Lopes, personagem interpretada por António Silva, apresentava o aparelho de rádio, no filme “A menina da rádio”, de 1944. Ah, o rádio! Começou por ser AM. Depois passou a ser também FM. Terá sido, porventura, o primeiro meio de comunicação universal e de acesso livre. Não apenas para a transmissão de notícias ou discursos de Estado (recorde-se o discurso do Rei Jorge VI, pai da actual Rainha Isabel II, comunicando ao povo o início de guerra contra a Alemanha), mas também com uma função de entretenimento crucial, seja através da música seja através do teatro (quem se lembra dos dias do teatro na rádio?). A rádio sempre nos fez companhia, nos bons e nos maus momentos. Nas trincheiras das guerras servia para os soldados descontraírem entre batalhas. Nos tempos mais actuais, serve de companhia para aqueles que percorrem as estradas a caminho do trabalho ou em trabalho. Em Portugal, há 46 anos, servia para dar o sinal para o início de uma revolução.

  • Oiça rádio. Oiça música. No telemóvel, na Internet ou na televisão por cabo.
  • Recorde os dias do teatro na rádio. Conheça a história aqui.
  • Oiça as rádio do mundo. A Radio Garden permite-lhe que navegue pelo mundo e oiça, em directo, centenas de rádios. Da Rússia aos Estados Unidos da América. Da Austrália à China. Da África do Sul ao Canadá.

TRABALHOS MANUAIS E ARTÍSTICOS

A água não escorre bem no lava-loiças? Eis uma boa oportunidade para fazer a limpeza dos canos. Ainda tem em mente terminar aquele projecto? Vá para a garagem ou para a varanda. Pinte, serre, lixe, pregue, cole. Faça com que as crianças tenham também o seu projecto. Estimule a sua criatividade. De uma caixa de sapatos, um transformer. De um papel e aguarelas, uma verdadeira obra-prima! De um pedaço de tecido, um guarda-roupa completo para as bonecas. Ponha mãos à obra. Envolva toda a família, em particular as crianças. Permita que elas sujem as mãos. Divirtam-se!

Faça com que as crianças tenham também o seu projecto. Estimule a sua criatividade. De uma caixa de sapatos, uma casa de bonecas. De um papel e aguarelas, uma verdadeira obra-prima! De um pedaço de tecido, um guarda-roupa completo para a bonecada. A UHU disponibiliza algumas sugestões de actividades de colagem interessantes.

A Ciência Viva disponibiliza uma série de actividades, dirigidas a famílias, que promete transformar a sua casa num autêntico laboratório. Divirta-se a fazer ciência!


JARDINAGEM

Um dos livros mais estupendos sobre plantas é A Prodigiosa Aventura das Plantas, de Jean-Marie Pelt e Jean-Pierre Cuny. Começa assim: «Se os animais nos apaixonam, é porque estão próximos de nós, a ponto de por vezes pensarmos que nos reconhecemos neles. Mas as plantas, imóveis, silenciosas, em que é que se parecem connosco? Tal como os animais, viveram uma grande epopeia: a epopeia da evolução. Assim como nós, têm uma história. Ao vê-las viver, descobrimos nelas “hábitos” e “comportamentos” que nos pertencem também.»

Se tiver plantas, cuide delas. Observe-as. Descubra nelas “hábitos” e “comportamentos” que nunca suspeitou existirem.

Se ainda não tiver plantas, e ainda tiver lá por casa um vaso e um pedaço de terra, desafie-se a plantar cebola, ou alho, ou feijão. Envolva os mais pequenos. Decore os vasos. Nada mais recompensador do que ver algo nascer da terra, algo que foi por nós plantado e cuidado. E terá o ainda o prazer de acompanhar diariamente esse crescimento. Se tiver crianças, desafie-as a criarem um diário de jardinagem, onde vão registando, dia-a-dia, o crescimento da planta, medindo a altura, contando o número de folhas, desenhando a própria planta. Divirtam-se!


EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Aproveite para se actualizar ou para aprofundar os seus conhecimentos numa determinada área. Acrescente valor ao seu currículo enquanto se mantém em casa.

A plataforma Coursera disponibiliza mais de 3900 cursos 100% online, em várias línguas, desenvolvidos por mais de 190 universidades e empresas de todo o mundo. Os cursos são gratuitos, mas caso pretenda receber um diploma ou certificado, é necessário pagar uma taxa.

Quer aprender ou aperfeiçoar o seu Inglês? O British Council disponibiliza um conjunto de cursos online gratuitos. Saiba mais aqui.

Vou partilhar um segredo convosco. A beleza absoluta existe. É a língua latina.” É assim que o Prof. Frederico Lourenço inicia a sua primeira lição de Latim para todos. Latim do zero é uma iniciativa que tem por objectivo proporcionar, de forma inteiramente informal, o acesso ao latim, a partir do zero.

A Harvard University, a instituição de ensino mais antiga dos Estados Unidos da América, criou a iniciativa HarvardX, uma plataforma de ensino online e gratuito, na qual oferece cursos em várias áreas. Saiba mais aqui.


OBSERVAR O FUNDO DO MAR

Caminhar à beira-mar, vendo e ouvindo o marulho ou o rebentar das ondas, naquela cadência própria do ir e voltar, do ir e voltar, do ir e voltar, perscrutando o horizonte, o longe, o distante, o navio, o farol, os surfistas, inalando aquela maresia inebriante. Ah, o mar! Que privilégio para quem vive perto dele. E já não o estranha. E o trata por tu. Por vezes não nos damos conta, mas a verdade é que, para além das caminhadas à beira-mar, observar o fundo do mar tem também um efeito calmante e relaxante. Há inclusivamente estudos que mostram uma diminuição do ritmo cardíaco, da tensão arterial e dos níveis de stress daqueles que se deixam imergir pelo ambiente de um aquário. E, segundo parece, quanto mais rico em espécies exóticas, tanto melhor.

O Oceanário de Lisboa tem vindo a disponibilizar vídeos relaxantes do aquário central e das medusas. Experimente!


WORKSHOPS & TALKS À DISTÂNCIA

  • O Movimento Transformers lançou o projecto “sai da caixa (não de casa)” que oferece, a partir do dia 18 de Março, 22 workshops e talks. Alguns workshops serão práticos e sujeitos a inscrição. Os restantes serão abertos à comunidade e serão transmitidos em directo. Tudo vai acontecer no Instagram @movimentotransformers.

COMUNICAÇÃO

Mantenha o contacto com os seus amigos e familiares através do telefone e das redes sociais.

  • Partilhe pensamentos, fotografias, vídeos engraçados. Converse, sobretudo com quem está só.

FILMES

Aproveite para ver aquele filme que ainda não teve oportunidade de ver ou para rever aquele clássico que o faz recuar no tempo e lhe traz boas recordações. No computador ou na televisão.

A Medeia Filmes irá disponibilizar, gratuitamente, três filmes por semana, todas as terças, quintas e sábados. Cada filme fica disponível das 12h às 24h do dia seguinte. Saiba mais aqui.

 

 

 


MÚSICA

Se não nasceu para fazer música, oiça música. A seu gosto, é claro. Onde? Na televisão, no computador, no telemóvel, e se ainda tiver ou souber o que isso é, na aparelhagem ou num rádio portável com antena extensível. Dance. Cante ou cantarole. Nem que seja enquanto está a tratar da roupa ou a arrumar a casa. Permita que a música inunde as veias do seu corpo com endorfinas. No final, vai sentir-se melhor!

  • Entre 17 e 22 de Março, 80 músicos portugueses vão protagonizar diariamente, entre as 17h00 e as 23h30, um festival virtual na rede social Instagram. @FestivalEuFicoEmCasa é o nome do evento. Siga-o.
  • A iniciativa Play it safe, stay home oferece, entre 21 de Março e 19 de Abril, uma série de concertos por live stream.
  • Para quem aprecia ópera, a Metropolitan Opera irá transmitir via streaming, gratuita e diariamente, pelas 19h30, uma ópera. Saiba mais aqui.

TEATRO

Quem tem filhos, netos ou sobrinhos pequenos, sabe bem que, por estes dias, a sua casa se transformou num pequeno teatro do caos. Máscaras de carnaval recuperadas, maquilhagem, alguns adereços, um ensaio breve e eis a estreia de uma peça cujo título certamente fará jus à criatividade dos pequenos actores. Filme, para mais tarde recordar. Estimule, assista, ria-se, divirta-se. Afinal, a vida é um palco!

O Teatro Aberto vai disponibilizar online, de 19 de Março a 29 de Abril, um conjunto de espectáculos em arquivo. Vá ao teatro em casa. Saiba mais aqui.

O Teatro Politeama vai transmitir online, de 21 a 27 de Março, vários espectáculos de Filipe La Féria. Todos os dias, às 21h30, aqui.


À JANELA OU NA VARANDA

“Não basta abrir a janela”, escrevia Alberto Careiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa. “É também preciso não ter filosofia nenhuma”, pois “Com filosofia não há árvores: há ideias apenas. / Há só cada um de nós, como uma cave. / Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora”. E, portanto, não basta abrir a janela. É preciso deixar-se interpelar pelo mundo que espertamos, é preciso deixar-se tocar na pele pelas imagens, é preciso deixar que as moléculas odorífera se encontrem com os nossos receptores olfativos, é preciso, por um momento, não ter filosofia e espreitar o mundo lá fora tal como ele é e não como o idealizamos. Abrir a janela é sobretudo expor-nos a uma experiência sensorial. Nestes tempos, só por isso, vale a pena!

Para quem tem varanda, e se o tempo o permitir, eis uma boa maneira de a usar como “local de trabalho”, como zona de relaxamento ou uma forma criativa de ir almoçar ou jantar fora.

Para quem não tem varanda, abra a janela. Contemple o banal. Olhe para o céu. Lembrava-se dele tão azul?! Oiça os diferentes sons. Acene ao seu vizinho do prédio da frente. Diga-lhe bom dia!


VIZINHANÇA

A história é longa, e é sobre um Soares e um Pereira que trabalhavam num mesmo escritório. Agora, imagine-se que se tratava de um Soares e de um Pereira que moravam no mesmo prédio. E veja-se como, por vezes, a lógica da vida nos tira o tapete. Neste momento de confinamento social, eis uma oportunidade para se conhecer aquele, o Outro, que habita perto de nós e, em particular, quais as suas necessidades, quais as suas fragilidades. Alertá-los para o perigo dos malandros que aproveitam estes tempos para enganar e roubar e maltratar. Eis, ao fim e ao cabo, uma oportunidade para se construir uma vizinhança. Ah, a história. Aqui vai ela. É de Fernando Pessoa.

“O Soares e o Pereira, empregados do mesmo escritório, eram inimigos de alma. Não havia questão de serviço, ainda que nela rigorosamente não pudesse surgir conflito entre os dois, em que não surgisse conflito entre os dois. E, embora nunca seguissem por aquelas vias chamadas de facto, fervia em pouco tempo a descompostura mútua. De besta para cima e para baixo, todos os arredores de malandro, com passagem por gatuno e grande escala por tudo, verem-se era discordarem, olharem-se era a primeira palavra de se descomporem.

Um dia o Soares, que era o mais inteligente e por isso o mais estúpido dos dois, referindo, fora do escritório, a qualquer amigo as cenas habituais com o Pereira, recebeu d’esse a pergunta, «Mas porque diabo é que tu não o esmagas com uma coisa pior que todas as piadas?» «Que coisa?» perguntou o Soares; «porrada?» «Não, não digo isso… Melhor que isso: o silêncio… Ele tem mais piada que tu; pois bem, arranja mais desprezo do que ele. Ele insulta, e tu olhas para ele e não dizes nada. Ele insulta mais e tu na mesma. Ele espuma e esbraveja, e tu idem e igualmente zero. Verás que não há piada que ele possa dizer que valha o que tu não dizes. O que tu não dizes pode ser tudo; o que ele diz não pode ser senão o que ele diz, e, se calhar, muitas vezes nem isso é.»

O Pereira pensou e achou razão, pelo menos provisória, ao conselho. E, ao contrário do que a prudência manda, seguiu-o. Mas, como é costume suceder quando se não segue a prudência, fez bem.

Foi logo no dia seguinte, porque era todos os dias, e o dia seguinte não era feriado. Surgiu um incidente que o Pereira fez o Soares ter feito surgir. E, sob os ouvidos fitantes do outro pessoal, o Pereira começou. Os substantivos do costume uniram-se aos adjectivos do da vizinhança e o carácter, habilitações, possibilidades penais, e outros atributos de um Soares de retórica, fulguraram no discurso. A certa altura, como o Soares não dissesse nada, mas somente olhasse para o orador com uma atenção despreocupada e triste, o Pereira começou a afrouxar. Seguiu a cena, de parte a parte, e o Pereira, afrouxando cada vez mais, foi-se tornando lívido. Ao fim de cinco minutos estava quase mudo e com a voz e a expressão do olhar em vésperas de lágrimas. Então engoliu um pouco; e, dirigindo-se ao Soares numa voz trémula disse: «Ó Soares, você está zangado comigo?»”


ANIMAIS DE COMPANHIA

Se há alguém que beneficia sobremaneira deste isolamento são os animais de companhia. Sobretudo se tivermos em conta que, segundo os estudos, a ansiedade causada pela ausência do seu dono, durante o dia, é bastante prevalente. Aproveite este tempo para lhes dar mimos. Afague o seu gato. Tanto quanto ele o deixar. Deixe-se inebriar pelo seu ronronar. Brinque com o seu cão, sobretudo se estiver em regime de teletrabalho. Faça-o como se fosse o momento de pausa. E não se esqueça de o passear. Embora tenha sido decretado o estado de emergência, pode fazê-lo. Sozinho, é claro, e apenas o tempo necessário. A companhia de um animal, neste ambiente de distanciamento e isolamento social, fará com que seja um pouco mais fácil suportar as circunstâncias, contribuindo para uma diminuição da nossa própria ansiedade.

Ah, atenção às guloseimas e à frequência com que alimenta o seu animal de companhia. Resista àquele olhar suplicante de quem não come há meses! As clínicas e os hospitais veterinários mantêm-se abertos, embora grande parte funcione por marcação antecipada. Alguns oferecem já serviço de telemedicina!


O OUTRO

Independentemente dos credos ou da ausência deles, a imagem de um Papa a celebrar uma homilia perante uma praça vazia é, em si mesma, demasiado poderosa, que nos interpela. E é justamente por isso que, hoje, decidimos, nesta publicação da iniciativa #inhousehealth, convidar o leitor à reflexão, ao pensamento. Não apenas sobre o que nos está a acontecer, a nós, a cada um de nós, mas também, e sobretudo, sobre o que está a acontecer ao Outro, aquele cuja existência desconhecemos ou ignoramos. Porque, na verdade, por vezes, nem sequer nos damos conta de que existe um Outro, distante de nós, diferente de nós, com recursos escassos, vulnerável na sua existência corporal e espiritual, fragilizado pelas circunstâncias de uma vida injusta e desigual, corroído pelas tempestades.

Como oferecer a alguém recursos para aumentar a sua resiliência num ambiente de isolamento que nem sequer tem acesso à Internet para visitar museus, ouvir música ou assistir a uma peça de teatro online? Que nem sequer tem uma casa? Que nem sequer tem alimentos suficientes no velho e barulhento frigorífico para preparar uma refeição saudável ao estilo de uma qualquer dieta da moda? Que não sabe ler? Que não sabe escrever? Como nos atrevemos a falar apenas para aqueles que já têm, logo à partida, uma base de recursos que os tornam mais resistentes perante a adversidade? Como nos atrevemos a nem sequer tentar alcançar aqueles que não nos conhecem, que estão distantes, mas que, neste momento, precisam tanto de nós? Como nos atrevemos a pedir a alguém que seja agora resiliente quando a sua vida é uma repetição diária desse exercício terrível e desgastante de superação de múltiplos obstáculos de natureza diversa? É por isso que, hoje, o que propomos é que cada um de vós se deixe interpelar pelo Outro, que seja capaz de, como dizia o Papa Francisco, “encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade”. Pense nisso. E, se tiver vontade, partilhe connosco os seus pensamentos.


Colaboradores: Osvaldo Santos (psicólogo clínico e psicoterapeuta), Rodrigo Santos (nutricionista), Mariana Borges (fisiologista do desporto), Ana Virgolino (psicóloga clínica), Margarida Gaspar de Matos (psicóloga clínica e psicoterapeuta), Equipa Aventura Social, Raquel Chaves.


Esta página está em constante actualização. Se quiser contribuir com algumas sugestões, envie um e-mail para isamb-com@medicina.ulisboa.pt