Os resultados da última edição do estudo Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS) em Portugal, com a coordenação da Professora Doutora Margarida Gaspar de Matos, líder do grupo de investigação “Ambientes de Suporte”, no ISAMB, foram agora compilados num número especial da Revista de Psicologia da Criança e do Adolescente.
Quase 7 000 jovens do 6º, 8º e 10º anos de escolaridade responderem ao questionário HBSC em Portugal Continental, em 2018. Os dados agora publicados sustentam o papel de relevo que determinantes ambientais, neste caso, o contexto social, assumem na saúde e bem-estar humano e, em particular, dos jovens. As conclusões deste estudo reforçam a importância da promoção da auto-regulação comportamental, bem como de outras competências pessoais e socio-emocionais em áreas como saúde e bem-estar, violência entre pares, discriminação de género e comportamentos sexuais de risco, assim como no que diz respeito aos ambientes digitais.
Importa também salientar os padrões de sono dos inquiridos, uma vez que cerca de metade referiu dificuldades em adormecer, acordar muito cedo ou a meio da noite, e ainda sono agitado. As consequências negativas da privação de sono para a saúde e bem-estar são sobejamente reconhecidas e, portanto, um dos desafios que se coloca em termos de promoção de saúde é o de inverter a tendência de aumento de prevalência de sono de pouca duração e de fraca qualidade. Qualquer que seja o conjunto de medidas para promoção de saúde e prevenção de doença ajustado à população em causa (adolescentes), este deverá contribuir para promoção da participação e coesão sociais e cidadania activa (os resultados deste estudo apontam para um desinteresse generalizado dos jovens por temas da actualidade), pois estes serão os agentes de mudança que se quer no sentido da promoção de ambientes promotores de saúde.
O projecto internacional HBSC/OMS estuda estilos de vida e comportamentos de saúde dos adolescentes em idade escolar em 49 países, na Europa e América do Norte, assim contribuindo de forma activa para a definição de políticas públicas promotoras de saúde e bem-estar que afectam milhões de jovens. Uma vez que este grupo etário representa cerca de 1/6 da população mundial, este projecto e outros semelhantes assumem um papel de relevo na construção e promoção de uma sociedade activa, informada e saudável. Em Portugal, este estudo é conduzido pelo programa Aventura Social, inteiramente dedicado à investigação em promoção da saúde e comportamento social.