Avaliação de compostos emergentes em águas portuguesas para consumo humano

Raquel Chaves é doutoranda do EnviHealth&Co, programa doutoral FCT sobre saúde ambiental que decorre em contexto empresarial. Este projecto de doutoramento, promovido pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, é realizado na EPAL– Empresa Portuguesa das Água Livres SA, Grupo Águas de Portugal (LAB – Direção de Laboratórios e Controlo da Qualidade da Água) em parceria com o CIIMAR-UP – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto. A doutoranda conta com o apoio de uma equipa interdisciplinar de supervisores: Prof. Doutora Catarina Guerreiro (FMUL); Prof. Doutor Miguel Santos (CIIMAR) e Dr. Vítor Cardoso (EPAL).

O trabalho da Dr.ª Raquel Chaves consiste em, numa primeira fase, implementar e validar métodos analíticos para detecção e quantificação de compostos químicos emergentes, em particular, subprodutos de desinfecção formados durante o tratamento da água. Depois de validados, esses métodos de detecção permitirão reconhecer e quantificar esses compostos em água de consumo de vários pontos do país. Paralelamente, serão realizados ensaios toxicológicos para avaliar o potencial risco para a saúde humana e perceber o mecanismo molecular de acção dos subprodutos de desinfecção rastreados.

É reconhecido que o tratamento da água foi uma das conquistas mais importantes para a promoção de saúde, a nível mundial. A desinfecção da água contribui para a inativação de organismos patogénicos e, portanto, previne a transmissão de doenças por essa via. No entanto, sabe-se que a diversidade do conteúdo orgânico, na água a tratar, reage com os agentes desinfectantes (ex. cloro), originando subprodutos de desinfecção. Os precursores dos subprodutos de desinfecção podem incluir fármacos, cosméticos, pesticidas, toxinas, entre outros, e variam a sua concentração de acordo com vários factores físico-químicos e a dose do desinfectante administrado. As vias de exposição incluem inalação, absorção dérmica e ingestão. É de extrema importância perceber as características, a dinâmica bioquímica e os efeitos tóxicos associados a estes subprodutos, como medida de segurança e protecção de saúde.

Tendo em conta que a água de consumo é uma mistura bastante complexa, a análise avançada da matriz revela-se uma tarefa bastante exigente. Estudos recentes mostram que a quantidade reconhecida destes subprodutos é enorme, embora a sua vasta maioria não seja ainda contemplada nos planos de segurança e legislação nacionais. A Avaliação de risco é, assim, uma ferramenta essencial para suportar tomadas de decisão e melhorar o contexto legal associado à monitorização praticada.

Neste sentido, o trabalho da doutoranda Raquel Chaves está em concordância com o compromisso assumido pela empresa, no sentido de garantir ao consumidor o acesso a água segura e de boa qualidade, contribuindo ainda para o avanço técnico e científico, melhorando os planos de segurança da reconhecida empresa nacional. O projeto surge, também, em conformidade com o panorama internacional, reforçando o sugerido nas Guidelines for drinking-water quality (2017) da Organização Mundial de Saúde, bem como com os Objectivos Globais para a Sustentabilidade para 2030, que estabelece um papel fundamental à água para consumo humano na promoção de saúde, no futuro global e local.