Resultados do Projecto BEDS

Os resultados foram revelados pelo Professor Vasco Maria e a Psicóloga Inês Neves ao Jornal Sol, na passada edição de 30 de Setembro: 63% dos doentes conseguiram parar o consumo desadequado de benzodiazepinas.

O estudo foi conduzido pela Unidade de Farmacoepidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da FMUL. A equipa, coordenada pelo Professor Vasco Maria, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa conta também com o apoio de Osvaldo Santos e Inês Neves (Psicólogos), Milene Fernandes (Farmacêutica) e Joana Oliveira (Médica de Família).

O estudo acompanhou 66 doentes de Centros de Saúde da região de Lisboa Norte, com o objectivo de avaliar a efectividade de um programa de desabituação de benzodiazepinas (ansiolíticos). Contou com a participação de 24 médicos de família e implicou consultas quinzenais e telefonemas de monitorização, para manter os doentes motivados e controlar a ocorrência de eventuais sintomas de abstinência. Os resultados são bastante positivos, uma vez que 63% dos doentes conseguiram parar a medicação que tomavam há anos. No follow-up de seis meses, apenas 3 doentes voltaram a recorrer a estes fármacos para controlar ansiedade ou para dormir melhor.

O Programa de Promoção / Acção para o uso adequado de benzodiazepinas (BEDS) teve início em 2015 com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, com a finalidade de contribuir para o combate à prevalência de consumo desadequado de calmantes entre os Portugueses. Segundo os dados recentes da OCDE, 96 em cada 1000 portugueses recorrem ao consumo destes medicamentos. Das consequências mais graves do uso crónico e desadequado, há a salientar o risco de quedas e demência.

Segundo a equipa de investigação, o projecto serviu também para colmatar lacunas no conhecimento dos médicos relativamente a estas substâncias. Muitos dos clínicos, perante casos específicos, mostram-se resistentes em reduzir ou retirar o uso destes medicamentos, por receio dos efeitos de abstinência ou pela dificuldade em negociar a cessação do consumo com os doentes. Na entrevista ao Sol, o Professor Vasco Maria defendeu que é fundamental alargar esta proposta ao Serviço Nacional de Saúde.

 

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