Grupo de trabalho sobre publicações predatórias integra investigadores do ISAMB

Businessman chased by shark

Desde o momento em que Philosophical Transactions deu à luz o seu primeiro número, em 1665, acumularam-se, entretanto, mais 57 milhões de artigos e os títulos de revistas ultrapassam os 28 mil. Ainda que mais de 43% das publicações não tenham sido citadas uma única vez, a publicação de resultados científicos originais faz parte do processo de produção e de validação do conhecimento científico.

Hoje, porém, perante os escassos recursos e o forte desequilíbrio entre a oferta e a procura, publicar tornou-se num critério de avaliação, mas também de discriminação. A par do desenvolvimento de todo um manancial de métricas, a publicação científica parece cada vez mais distanciar-se do seu verdadeiro propósito: o de comunicar à comunidade científica, conhecimento original, validado pelos pares através da bem conhecida revisão por pares. Publish or perisch tornou-se, assim, num novo paradigma, com efeitos bastante perniciosos justamente na camada dos investigadores mais vulneráveis. Ademais, perante a necessidade de publicar e, acima de tudo, de publicar rápido, eis que emerge um mercado paralelo de publicações não-credíveis, que respondem à necessidade dos investigadores, publicando rápido, é certo, mas através da violação de princípios éticos básicos como, por exemplo, a revisão por pares.

Neste sentido, no pressuposto de que são as instituições os primeiros responsáveis por garantir a publicação de resultados científicos de boa qualidade em revistas reconhecidas e com impacto na comunidade científica, o Director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa tomou a decisão de nomear um Grupo de Trabalho sobre Publicações Predatórias com o objectivo de desenvolver e implementar um Plano de Estudo e de Intervenção Estratégica sobre a Produção Científica.

O Grupo de Trabalho é composto por António Vaz Carneiro (Professor Bibliotecário da FMUL e Director do ISAMB), Susana Oliveira Henriques (Bibliotecária e Chefe de Divisão da Área de Biblioteca e Informação da FMUL), Osvaldo Santos (Investigador do ISAMB), Ana Virgolino (Investigadora do ISAMB) e Ricardo Santos (Investigador do ISAMB e do Centro de Bioética).