Bem-estar é um lugar à beira-mar

Na periferia da cidade de Vila Nova de Gaia, junto ao vale do rio Febros, um afluente da margem esquerda do Douro, o Parque Biológico de Gaia acolheu o VII Seminário Nacional Bandeira Azul, organizado pela Associação Bandeira Azul da Europa, e que reuniu profissionais e investigadores de áreas disciplinares diversas e de vários pontos do país para debaterem, durante dois dias, os conceitos de «Blue Space» e «Blue Health».

O ISAMB foi convidado a estar presente, tendo sido representado pelo investigador Ricardo R. Santos, que fez uma comunicação intitulada «Beira-mar: ponto crítico para a saúde dos oceanos e dos humanos». Nela se procurou apresentar a forma como a saúde dos oceanos é vital para a qualidade de vida e para o bem-estar dos humanos, tanto ao nível físico como psicológico.

Num segundo tempo, procurou-se ainda mostrar como a promoção de comportamentos salutogénicos e da valorização ecológica, nomeadamente dos ecossistemas marinhos, são um dos desafios mais exigentes, mas também mais necessários, das próximas décadas. «Daí que, no nosso entender, as estratégias sobre alterações climáticas», referiu Ricardo R. Santos, «para serem bem-sucedidas, para serem eficazes, precisam de adaptação, sim, precisam de mitigação, sim, mas precisam também de mudança comportamental, ao nível individual, populacional e organizacional».

Por fim, quanto à forma como é usada a comunicação na mudança de comportamentos, o modelo de défice de informação, classicamente adoptado, é actualmente pouco eficaz na mudança comportamental, justamente porque não tem em conta a configuração altamente segmentada e complexa das populações. Sendo, portanto, consensual que é necessário um investimento muito forte na chamada «literacia oceânica», como base para uma mudança comportamental, a verdade é que ela deve ser baseada em valores. Ademais, deve servir-se de um modelo sócio-ecológico, isto é, um modelo em que os ecossistemas são fortemente influenciados pelas actividades e pelos comportamentos humanos, mas em que se observa uma não menos forte dependência dos sistemas sociais em relação aos recursos e os serviços proporcionados por esses ecossistemas.